26 maio 2009

Como compreender uma nova educação.

de: Thaise Rodrigues

Observação: (comentários e visão sobre o texto: Novos olhares pela educação, do prof° Marcos Laffin)

Para se entender os caminhos da educação, deveremos primeiramente avaliar que tipo de educação apreciamos, bem como que tipo de educação queremos para os nossos filhos e para o futuro. Tomo-me como parte deste processo de avaliação; pois, percebo que precisamos partir de um olhar do individual para o social, e, portanto, primeiramente entender o significado de educação para nos mesmos.

Para que haja Educação no verdadeiro sentido do termo, devemos, antes de qualquer coisa, considerar duas premissas básicas: o amor e a auto-educação. “Amar para educar e auto-educar-se para amar”. Afirmo isso porque, para que possamos expandir verdadeiramente os horizontes da educação; precisaremos olhar, sentir e agir com amor, ternura e solidariedade, pois, antes de pensarmos em transformar a humanidade ( que é o que se espera da educação!); precisamos antes nos transformarmos; porém, não esperar por isso, pois sabemos que requer tempo, mas agir pensando nisso!

O autor do texto:”Novos Olhares pela Educação” do prof° Dr Marcos Laffin, coloca muito bem sua análise sobre a condição humana, mas, não deve esquecer que, antes do homem chegar a uma condição, ele partiu de uma essência, e, essência, envolve valores e sentimentos que são construídos desde a educação infantil; e que também, a partir de tal infância, vai poder iniciar-se o desenvolvimento dos níveis de consciências sobre a vida. Digo 42-16875317isso porque, antes de pensarmos em uma educação voltada para o progresso científico, pensemos primeiro em uma educação que desenvolva no espírito humano a capacidade de ser racional mais também poético (não uma poesia romântica e fora da realidade), pois são vias que quando estimuladas positivamente, expandem os horizontes de uma visão mais sensível para perceber realidades, e portanto, de uma visão mais aberta e esperançosa para sentir e construir o novo, ou seja, uma visão humanitária e coletiva, que associe racionalidade e sensibilidade para um agir que pense, não só em si, mas também na coletividade de suas ações e na responsabilidade de suas decisões, as quais irão incidir neste mesmo coletivo social e complexo em que vive, enfim, um agir convicto de que o que estar a fazer será a coisa certa, pois antes se pensou no bem comum.

Como instituir debates sobre políticas educacionais de inclusão, como discutir ações afirmativas para instituir o diferente, enfim, políticas de transformação social pela educação, sem começar pela análise humana, de sua essência e condições? Penso, se procurarmos soluções primeiramente na sociedade e sua política, creio que falharemos. Primeiramente porque, quem constrói o social é cada ser humano com sua subjetividade; sendo esta construída por suas vivências e experiências apreendidas num processo sócio-histórico de existências.

Questionamos os valores desta sociedade, somos contra suas formas e representações, questionamos uns aos outros constantemente e, não sabemos quem está com razão, com a verdade! Quem são os aproveitadores desonestos, os exploradores, os opressores, os que promovem discriminações, enfim, quem são os hipócritas?! Essas perguntas nos atormentam, nos revoltam, em vez de nos indignar. Não digo para não questionarmos nem para deixarmos de ser contra ao que achamos incoerente, pois, para formularmos projetos temos mesmo que ver possibilidades diversas, mas, questionarmos com a justeza de nossas ações, ou seja, não sermos incoerentes e contraditórios com o que questionamos. E mais uma vez percebo, que a solução primeira está em se avaliar as ações humanas!

Se vivêssemos num país justo, solidário e democrático, portanto, sem desigualdades sociais, haveríamos de ter dois tipos de educação: Uma escola formal, oficial, transmissora dos conhecimentos científicos, e outra informal, popular, fundada no diálogo, na problematização, no desvelamento da realidade. Penso que as condições do ambiente social estariam neste caso bem mais propício e aberto a aceitar tais valores e, não mais só compreender os mesmo (achando tudo muito bonito e belo!), mas, vivenciá-los com uma vontade mais otimista de mudar, porém, quem começaria dar este primeiro passo por esta tão sonhada sociedade?? Certamente ainda ouvimos: Ele! E eu? . Percebe? Sempre esperamos pelo outro!

Esperamos primeiro que a sociedade melhore, ou os ditos seres sociais melhorem? A sociedade não convence com os seus valores ou, os seres sociais não convencem? Penso que ainda vivemos uma falsa democracia, uma falsa solidariedade e igualdade, logo, ainda não somos justos! Por onde começar então o tema gerador da educação?

Bem sei como é difícil aceitar mudanças, ainda estamos nesta condição humana, todo mundo deseja mudanças, mas, o que fazemos, o que construímos de bom e, acima de tudo, com que objetivo e de que forma buscamos essa tal mudança? Penso eu, ser uma questão de vontade ativa, de esforço certo, de acreditar no futuro bom, de querer realmente esse novo. Mas será que estamos prontos pra esse novo? Ou, quando estaremos? Questiono-me, desde quando percebo que, os valores de solidariedade, fraternidade, amor e paz, são banalizados, ridicularizados, enfraquecidos, amortecidos, esquecidos pelos mesmos seres que “lutam” por uma sociedade mais justa e humana!!

Porém Gramsci coloca: “Todos os homens do mundo, na medida em que se unem entre si em sociedade, trabalham, lutam e melhoram a si mesmos”. Perfeito, mas contanto que não se deixem adormecidos nobres valores; sem confundir pacifismo com passivismo, caso contrário não teremos uma verdadeira liberdade e justiça!

E a educação? Perdeu-se no meio de tantos valores tortos. Logo, somos todos responsáveis pelo fracasso da educação, pois os valores são intrinsecamente nossos! Já que educação é responsabilidade social e, como tal, não é dever somente do Estado, faremos então tal responsabilidade, mas, contudo, saibamos de que forma e com que objetivo a fazemos!

Os novos horizontes da educação se fazem com mentes e corações abertos, diálogos francos, coerentes e receptivos a diversidade, sabendo que, para gerar realmente ações afirmativas, precisará se instituir a não exclusão, a não marginalização, a não discriminação e, a não políticas compensatórias e irresponsáveis. “Precisamos aprender a anunciar o nosso sonho humanizador, enquanto denunciamos um presente desumanizador” (Freire). Fala-se de um sonho real, que se sonhe junto, portanto um sonho coletivo.

“A revolução não se faz num momento, ela se constrói cotidianamente, em todos os espaços e tempos, onde os valores de solidariedade possam ser cultivados. Onde a competição, o individualismo, o egoísmo, o autoritarismo e tudo o que destrói a possibilidade de vida, possam ser desfeitos” (Silva, Antônio Fernando). “Não nos deixemos prender em ‘círculos de segurança’, nos quais aprisiona também a realidade, pois conhecendo-a melhor podemos transformá-la. Não temamos o desvelamento do mundo, o encontro com o povo, o diálogo com eles; de que resulta o crescente saber de ambos. Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”. (Paulo Freire).

Para ouvir o povo e dialogar com ele, precisaremos primeiro nos solidarizar com eles, mas não uma falsa solidarização que é: (manipuladora, opressora, fingida), mas uma solidariedade com vistas a gerar a autonomia do ser. Valor este, que gera proximidade e confiança, e, portanto, uma maior capacidade de se chegar ao saber do outro. Neste ponto em que chego, faço um convite à leitura: “Se sou referência, como chegar ao saber do outro?” e, “Procurando compreender a fala das classes populares” (textos extraído de Vitor Vicente Valla. Saúde e educação, 2000).

Para perceber realmente as diversas realidades humanas na diversidade de suas condições sócio-culturais e morais (multidimensionalidade na qual foi construída os diversos níveis de consciência, racionalidade e poesia do ser), é preciso exercitarmos um novo olhar de sensibilidade e solidariedade, e, onde o ser humano em suas vivências, deve pautar suas ações exercitando o dever da responsabilidade e respeito pelo próximo, ou seja, onde sua subjetividade respeite os limites da subjetividade do outro. (considerando a consciência dos limites da ação humana de MORIN). “Ainda dentro desta dimensão, pensar e construir propostas coletivas na diversidade e exigir políticas pontuais sem perder a dimensão de políticas universais; tendo como guia a generosidade humana como uma possibilidade nas decisões” (Prof. Marcos Laffina). Penso assim estarmos estimular e contribuindo para a real autonomia do ser, para que assim possa se desfrutar de valores emancipatórios.

Enfim, “(...) levando em consideração o valor da solidariedade, valor que organiza e politiza. É essencial que todos os setores funcionem organicamente e solidariamente. Assim, vale ressaltar que não basta mudar o sistema explorador dominante, é preciso transformar o ser humano visando a sua totalidade e complexidade” (SILVA, Gilvânia Ferreira)

O que há com as pessoas? Por quê fortalecemos e incitamos o desvalor dos valores morais? Ainda são abafados, evitados, desprezados; acho que por ainda serem considerados equivocadamente como valores delicados para uma sociedade cruel. Penso ser um equívoco e uma hipocrisia de seres que equivocadamente entendem “se proteger” no desvalor; uma vez que a sociedade ainda a considera como o melhor meio para se chegar a justiça! Pobre humanidade, desconhecem ou ainda não reconhecem o verdadeiro significado, força e preciosidade da moralidade para uma verdadeira transformação; a qual se começa na educação!

E para não deixar se perder, retomando então a Educação desde o processo de desenvolvimento infantil até a condição de autonomia do ser, Jean Piaget coloca brilhantemente: “Na moralidade autônoma, o indivíduo adquire a consciência moral, onde os deveres e regras são cumpridos, mas com a consciência de sua necessidade e significação. O indivíduo age com plena consciência do que está fazendo e por que o faz. A responsabilidade pelos atos é proporcional a intenção e não apenas pelas conseqüências do ato”. Daí o imperativo de marcharem juntas, a inteligências (razão) e moralidade (poesias).

“(...) Somos, porém, os únicos seres capazes de poder ser objetos e sujeitos das relações que travamos com os outros e com a História que fazemos e nos faz e refaz. É assim que a prática veio se tornando uma ação sobre o mundo, desenvolvida por sujeitos, que de pouco em pouco vai ganhando consciência do próprio fazer sobre o mundo. Não haveria prática, mas puro mexer no mundo se quem mexendo no mundo, não se tivesse tornado capaz de ir sabendo o que fazia ao mexer no mundo e para que mexia. Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”. (Paulo Freire)

Essa ressignificação do território humano se faz necessária, dentro dos horizontes pedagógicos da humanidade, abrindo-se caminhos para uma nova concepção em educação; por uma pedagogia da autonomia, por uma práxis e poesis; com ações humanas, demasiadamente humanas; enfim, uma pedagogia da esperança, com olhos no futuro, posto que, o tempo evolua com a evolução dos homens, caso contrário estaremos andando em círculos, reproduzindo velhos hábitos e idéias; incoerentes com novas realidades que pedem mudanças,estando assim contribuindo para a manutenção de uma velha ordem social. Enfim, não devemos oprimir uma forma diferente de educação, e sim, instituir uma educação como prática da liberdade.

Sejamos heróis em tempos de exclusão, eduquemos nosso espírito, busquemos igualdade na diversidade e alcançaremos verdadeiras transformações. “É pela educação, mais do que pela instrução, que se transforma a Humanidade” (Kardec, em Obras Póstumas).

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13 maio 2009

Vida e Valores (Viver em Paz)

Paz

Todos nós vivemos num mar de inteligências, que Platão havia dito que era um mar de Eidos, de idéias.
Todos nós pensamos. Nossos pensamentos são ondas e, por causa disso, vivemos nesse mar de pensamentos.
Nesses tempos que estamos vivendo na Terra, há um pensamento que gera muitos outros, mas que é um pensamento central: a paz.
Em toda parte se fala da paz. Mesmo nos continentes, nos países, nas regiões que se acham em guerras, existe o discurso pró-paz.
Curiosamente, muita gente não se deu conta, não se dá conta, do que seja a paz.
A paz, de maneira nenhuma, corresponde à estagnação das águas paradas. Não, isso não é paz, isso é estagnação.
A paz não tem nada a ver com não fazer nada, ficar à toa, com excessivo ócio. Isso não é paz, isso é preguiça.
A paz não tem nenhuma vinculação com a paralisia dos cadáveres, com a inércia dos mortos. Isso é apodrecimento, é putrefação.
A paz é, sob todos os títulos, uma virtude psíquica, uma virtude do ser, da alma, da intimidade.
Paz significará sempre um estado interior em que a criatura que a busca, que a persegue, entra na sintonia das leis cósmicas.
Ser pacífico é a criatura buscar essa integração com o Criador, sob todos os aspectos.
E, a partir disso, ele tratará de cumprir seus deveres para com a vida, em nome da paz.
Em nome da paz, tratará bem as pessoas, terá seus altos e baixos, ficará nervoso muitas vezes, tenso em outras ocasiões mas, tudo isso na busca do aprimoramento, tudo isso no desejo de se aperfeiçoar. É a busca da paz, em si próprio.
É por essa razão que nos damos conta de que, quando alguém está buscando a paz e assume seus compromissos diante da vida, não se vitimiza, não se coloca como vítima da vida, das coisas, dos outros, porque quem está querendo paz, aprende a governar a si mesmo, a governar a sua própria vida, a ser uma pessoa autônoma, a não realizar o bem apenas porque está sendo visto, ou porque alguém o vai aplaudir, ou porque vai ganhar alguma coisa, e deixa de fazer o mal, deixa de cometer erros, somente quando disso adviria uma sanção. Não.
A criatura que busca a paz trabalha esse sentimento na sua própria intimidade. A paz não é um estado em que nada nos aconteça, nada nos sacuda, nada nos atormente. Não, não é essa paz.
Nós que vivemos no mundo, e todos quantos no mundo estamos, precisamos nos dar conta de que a paz tem componentes íntimos indispensáveis.
Primeiro, é necessário que nós queiramos a paz. Não adianta fazer só o discurso da paz. Não nos vale a pena o discurso somente. É importante que, além do discurso, advenha o curso da paz.
Essas três letras representam tanta coisa para a mente humana, para a vida humana, para o mundo em geral, que a maioria das pessoas que proclama o tempo todo paz, ainda não se deu conta do que ela significa.
Para muita gente, a paz tem que ser mantida à base da força, à base das armas. Para outros, a paz é aquele documento que se assina nos gabinetes políticos, os tratados de armistício. Isso não é a paz. São as conveniências políticas.
A paz reclama de nós essa justeza de propósito, esse querer fazer, cumprir com as nossas obrigações, para poder cobrar os nossos direitos.
Atender os nossos deveres para com a vida, para com as pessoas, para com as coisas, a fim de que esses deveres bem cumpridos nos dêem acesso aos direitos recebidos.
A paz pede de nós a ação. De nenhuma maneira a paz propõe que sejamos passivos. Pede que sejamos pacíficos. E é por aí que começamos a refletir em torno da paz.

Raul Teixeira

Transcrição programa vida e valores, Exibido pela Net, em 28/12/2008

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12 maio 2009

Novos Olhares pela Educação

criança

Palavras do Pró-Reitor

Prof. Dr. Marcos Laffin – Pró-reitor de ensino de graduação – UFSC/SC.

ABERTURA DO SEMINÁRIO SOBRE POLÍTICAS DE INCLUSÃO – Cotas e Ações Afirmativas – UFSC 01-06-2006

É com plena satisfação que a UFSC acolhe, nesta data, as discussões e as manifestações de diferentes expressões sobre Políticas Públicas de Inclusão.

O tempo pode parecer vencido no adiantado da hora, quando pensamos ser – o interior das instituições públicas, sobretudo as universidades – o espaço para os debates e os confrontos das demandas sociais.

Dilatado no tempo, porque assim nos constituímos como corpo institucional que lê a realidade de forma diversa, e muitas vezes não a lê, enfim chegamos, para ver nas possibilidades, que o cenário da inclusão lateja no universo público, espaço esse de direito e único para a manifestação da diversidade.

Constatamos, talvez com maturidade, que o complexo desafio do novo, do diferente, do antes não-pensado impõe, com sua presença de argüição, a necessidade de desvelamento.

Chegamos, talvez com a autonomia da pluralidade, para dizer das certezas, das dúvidas, dos pré-conceitos, das confusões. Entretanto chegamos, sobretudo como disse Gramsci, com o otimismo da vontade, para ouvir o contraditório e a partir dele refazer o que é próprio do espaço público, que diz que se pensa e se repensa em suas ações.

O histórico desse evento precede a muitas tentativas: individuais, a dois, nos quais foram se somando outros dois e que depois se identificam como Gislene, Sérgio, Milton, Josiane, Maria Cristina, Vânia, Valmir, Patrícia, Ilka,Marcelo, Frederico, Sinésio, Júlio, Olinto, Carlos, José, Leonardo, Maria Izabel, Marta, Marcos. (Ver portaria com nome completo.)

Uns se perderam; outros não se reconheceram; outros chegaram. Outros, chegamos.

O tempo e o contexto até aqui condensado, numa fala aparentemente generosa, contêm muito daquilo que Paulo Freire já dizia:

“Em meus olhos de amorosidade, não descarto o rigor científico. Tais marcas, me conduzem ao resgate das hesitações, opções e desacertos. Não para condenar, mas para recriar”.

Não há como recuar. Agora não! Ou há? Não há como recuar de uma decisão. Não há como não fazer uma opção.

Existem ainda, Navios Negreiros que se põem à nossa frente, ao nosso redor, que nos indagam sobre a história, sobre a constituição da condição humana, sobre a construção da história e da realidade da sociedade brasileira.

“Estamos em pleno mar. Negras mulheres. Magras crianças. Uma multidão faminta embrutece”. “Levanta, herói do novo mundo: Colombo, fecha a porta do teu mar“.

Castro Alves, São Paulo, 1868.

Quem é o herói desse tempo de exclusões? Estamos nos debatendo neste mar da educação.

Mas é preciso dizer, para saber, que a inclusão educacional é uma questão de responsabilidade social. Não aquele termo irresponsável, banalizado e precarizado pelo avesso do discurso. Mas o responsável como participante, envolvido em políticas públicas que atendam a magras crianças, que se levantam como sobreviventes de nossas práticas educativas.

Nossas práticas? Certamente diremos: ” minha não!” Talvez ali esteja localizado: “Colombo, fecha a porta do teu mar!”

Negar a realidade. Negar a história. Negar o cotidiano é negar também a melhoria da educação básica como melhor condição de acesso ao ensino superior e à qualidade de ensino.

E por que então temos de gerar ações afirmativas? E por que ações afirmativas na universidade?

Porque temos produzindo muitas ações negativas: a escola excludente, a escola que branqueia, a escola que seleciona, a escola que reprova, a escola que se forma pasteurizada, a escola que não se reconhece na diversidade.

Do mirante que eu olho, vejo o mirante dos excluídos. E desse mirante o que eu vejo é uma instituição fracassada, porque agora se quer em cotas, mas nega a moradia, nega o nivelamento, nega a bolsa, nega o restaurante universitário, nega vagas, gerando novos núcleos de marginalizados.

”Colombo, fecha a porta do teu mar!” Quem sabe não esteja eu sendo muito agreste, muito selvagem com as instituições públicas? Não! Minha fala é de essência. Essência – não de natureza humana – mas de condição humana.

E é de condição humana porque as instituições escolares ensinaram que coube ao branco domesticar, que coube ao branco recuperar o atraso. A história nos mostra isso. A história se fez também nessa condição.

Então precisamos de ações afirmativas para instituir o diferente no debate hegemônico da escola.

Precisamos de ações afirmativas para não enquadrar o diálogo necessário no modelo estruturado de universidade.

Precisamos de ações afirmativas, não como políticas compensatórias; precisamos de ações afirmativas para negar que a diversidade deva ser compreendida como desvio, como algo a ser corrigido.

Precisamos de ações afirmativas para dizer que a diversidade é condição.

Diversidade é valor cultural e, nela, a inclusão não se abafa, não se ignora.

Diversidade como valor cultural é direito a uma cidadania plural.

Diversidade como valor cultural exige novos percursos acadêmicos, políticas inovadoras. Diversidade como valor cultural exige decisão.

Estou sobre o eixo da razão e da sensibilidade, contudo me guio tendo a generosidade humana como uma possibilidade nas minhas decisões.

Então, agora tomo para mim o discurso: o eu na primeira pessoa. O Eu de um coletivo. O eu que, como o nós, constitui-se pela diversidade.

Quero ser um cidadão brasileiro acolhido na sociedade, mas acolhido na diversidade.

Diversidade que pensa, que propõe, que exige políticas pontuais sem perder a dimensão de políticas universais.

Então, qual é a responsabilidade da instituição universitária nesse processo?

De não se assustar com o novo, mas de assumir o compromisso de construir o novo. De saber que o novo se apresenta com a amplitude dos desafios que não podem imobilizar as possibilidades.

Portanto, o mirante da universidade, para construir o novo, não pode ser apenas de consulta da sua comunidade, porque ela é inclusa, porém precisa, sobretudo, consultar o sujeito, a comunidade, o universo diverso.

E para não dizer que não falei, perguntarei: Qual é a nossa ferida narcisista? Nossa ferida narcisista é de que a verdade não existe. Ela é sempre relativizada, porque depende sempre de onde estamos olhando.

Uma pérola poderá ser falsa se estivermos olhando o objeto precioso do adorno, Mas em sendo a pérola falsa porque não surgiu do molusco, poderá ser então uma verdadeira bijuteria. Portanto, o critério da verdade, da nossa ferida narcisista, não está na verdade que esposamos, mas na condição por que nos espelhamos.

Para concluir quero enfatizar que:

“As relações humanas são tecidas por complexidades justamente porque o ser humano não é somente uma tipologia humana, somente social ou somente econômico, ou somente racial, mas sim constituído de múltiplas dimensões, com realidades sempre profundas em que a magia da vida não pode ser reduzida a compartimentos ou racionalidades.

A multidimensionalidade humana é constituída também de uma consciência humana que se constrói e se manifesta em diferentes níveis, os quais estão intrinsecamente vinculados às suas condições materiais e sócio-culturais. As ações humanas decorrentes dos diferentes níveis de consciência, apreendidos historicamente, mostram-nos, como enfatizou Edgar Morin, que “uma das maiores aquisições da consciência contemporânea passou a ser a consciência dos limites” (MORIN, 1999, p. 49).

E é justamente pela consciência dos limites da ação humana que não experenciamos somente racionalidades, mas sobretudo complexidades. E esta complexidade engendra racionalidades e poesia, que não comporta reduzir-se o humano à promessa do progresso científico.

Nessa mesma dimensão tanto o ser econômico, político, social, diverso, assim como o poeta, não

precisam se fechar no território restrito e confinado dos jogos de palavras e símbolos. O poeta possui uma competência total, multidimensional, que concerne à humanidade e à política, mas não pode se deixar submeter à organização política. Sua mensagem política implica ultrapassar o político (MORIN, 1999, p. 39), porque não cabem mais, na sociedade humana, espaços de anonimato nem de isolamento, mas construções de coletividades, com todas as suas contradições, como espaços éticos de responsabilidade e de convicções.

Essa ressignificação do território humano se faz necessária, em função de que, talvez, estejamos, na leitura de Morin,

perdidos num planeta suburbano, de um sol suburbano, de uma galáxia periférica, de um mundo desprovido de centro. Mesmo assim, possuímos plantas, pássaros, flores, assim como a diversidade de vida, as possibilidades do espírito humano. Doravante, aqui residirão nosso único fundamento e nosso único recurso possível (MORIN, 1999, p. 41).

O homem, em suas tessituras com outros homens, se faz sábio na consumação dos caminhos da sua autodeterminação que inclui, entre as múltiplas possibilidades, a sua condição ética, afetiva, social, econômica e poética.

Nesse contexto, é preciso transformar a dimensão substantiva em espaços diversos, nos quais o ser humano possa constituir sua autonomia e desfrutar de valores emancipatórios.

”Logo, transformar a vida é, para nós, narcisos institucionalizados, transformar os ambientes institucionais em tempos para se viver feliz, com uma vida decente, nesta galáxia periférica”. LAFFIN, 2005.

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Jornal da Ciência

Órgão da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

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Crianças superdotadas são, antes de mais nada, crianças

Psicologia moderna tira a imagem de gênio e a substitui pela de meninos e meninas com habilidades especiais.
Lisandra Paraguassú escreve para ‘O Estado de SP’:
Eles não são gênios, mas estão muito acima da média. Nas conversas, usam vocabulário e exprimem idéias que deixam tontos muitos adultos.
Crianças superdotadas - sinônimo de pequenos Einsteins e Mozarts no imaginário da maior parte da população - são especiais sim, têm habilidades a serem desenvolvidas, mas são, antes de mais nada, crianças.
A moderna psicologia educacional tira a imagem de gênios e a substitui pela de meninos e meninas com habilidades especiais e que devem ser treinados e incentivados.
"Uma criança com superdotação é alguém que tem um alto desempenho em uma área, mas não é um gênio", explica a professora Vera Pereira, coordenadora do programa para superdotados em Brasília.
Hoje, em vez de um simples teste de QI - até há alguns anos a única medida de inteligência -, usam-se avaliações psicológicas que medem as habilidades das crianças em várias áreas.
Os testes são eventualmente feitos e normalmente revelam um QI acima da média, mas são a última etapa em uma avaliação que analisa o comportamento da criança, seus interesses, habilidades orais e físicas e até mesmo a maturidade. Até porque uma criança pode ser extremamente desenvolvida em uma área e nem tanto em outras.
Marina Zambeli dos Reis, de 9 anos, uma das meninas do programa brasiliense para superdotados, quase ficou de fora do projeto porque teve dificuldades em apresentar uma maquete.
Extremamente criativa e com facilidade com as palavras e para inventar histórias e jogos, Marina não tem qualquer habilidade manual.
"Ela tem uma coordenação motora péssima. Quando foi fazer a maquete foi muito ruim. A coordenadora chegou a duvidar que ela pudesse estar no programa', conta Ana Paula dos Reis, mãe da menina.
Marina aprendeu a falar com 1 ano. Com 2, queria aprender piano - e aprendeu. Com 3 anos e meio já sabia ler. Apesar disso, os pais tinham resistência à idéia de colocá-la em um programa para superdotados.
"Eu sou professora, meu marido também. Achávamos que era simplesmente uma questão de ela ter incentivos em casa", conta a mãe.

Resistência
Os pais de Renato Oliveira Melo, de 10 anos, não duvidaram que o filho era diferente. Até porque com 1 ano e 8 meses, ele já sabia todo o alfabeto e identificava as cores. Mas os pais resistiam a tratá-lo como superdotado.
"Até hoje nós evitamos falar no assunto. Não queremos nem que ele comece a achar que é mais do que os outros nem que as cobranças sejam acima do normal. Queremos só que ele seja feliz", diz Vilma Melo, mãe de Renato.
O medo é recorrente entre as famílias de crianças com habilidades especiais. Por isso, o Ministério da Educação (MEC) não incentiva a existência de escolas especiais para superdotados e, sim, a convivência em escolas regulares - mesmo que, muitas vezes, isso se torne um desafio a mais para os professores.
A facilidade para aprender coisas novas, compreender uma explicação e uma memória privilegiada fazem parte das habilidades desses meninos e meninas. Com isso, sua velocidade de aprendizagem é muito maior.
"A maioria das vezes a professora me dá tarefa extra porque eu termino antes e acabo atrapalhando a aula. Mesmo assim eu termino rápido, então as professoras começam a me pedir para ajudar os meus colegas", conta Renato.
A inquietação do menino na escola já lhe rendeu problemas, como brigas com professoras, conta a mãe. "Essas crianças precisam de desafios além da sala de aula. Por isso temos o programa em que elas trabalham uma vez por semana essas habilidades, desenvolvendo projetos", explica Vera Pereira.

Professores
O MEC incentiva os estados a terem programas específicos de identificação de superdotados. Além de Brasília, Minas, Rio e Rio Grande do Sul têm centros para isso. Também as prefeituras de Lavras (MG) e Belém do Pará trabalham com essas crianças.
Algumas escolas, como o Objetivo em SP e a UnB, também têm programas especiais. Em Brasília, os professores das escolas públicas são treinados para identificar crianças com habilidades especiais.
"O professor precisa reconhecer e responder à diversidade, acolher as diferentes potencialidades, características, ritmos de aprendizagem", diz a secretária de Educação Especial do MEC, Cláudia Dutra.
De um modo geral, os professores têm dificuldades de identificar alunos como superdotados. Mas, dizem os especialistas, facilmente apontam aqueles estudantes que aprendem mais rápido, são mais curiosos, perguntam demais. É aí que aparecem os superdotados.
A professora Eunice Alencar, ex-presidente da Associação Brasileira para Superdotados, aponta que essas crianças costumam ser bastante persistentes na busca por mais informações sobre assuntos que as interessam.
Eles chegam a ser chatos em tanto que perguntam. Têm senso de humor e também senso de justiça, reagem positivamente a novos elementos e costumam ter idéias variadas sobre um mesmo assunto. Muitas idéias.
Identificar esse potencial pode, à primeira vista, não ser fácil. Trabalhá-lo, menos ainda. Mas é uma necessidade. "Se esse potencial não é desenvolvido muitas vezes ele pode se perder na fase adulta por falta de incentivo", diz Vera Pereira.

Fonte: (O Estado de São Paulo) Notícia de 12/05/2009

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08 maio 2009

REFLEXÃO

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Extraímos este artigo da revista O Reformador. Gostaríamos que lesse e desse sua opinião.

FATALIDADE E DESTINO

"É o homem, por sua própria vontade, quem forja as próprias cadeias, é ele quem tece, fio por fio, dia a dia, do nascimento à morte, a rede de seu destino"  (Léon Denis)


Diante de acontecimentos desagradáveis no dia a dia, logo responsabilizamos a fatalidade e o destino, sem fazer uma maior reflexão. Mas, será que tudo em nossa vida está predeterminado? Será que o nosso destino foi traçado? Como entender fatalidade na visão espírita?
Lemos nos dicionários que fatalidade é a qualidade de fatal. E que fatal é o determinado, o marcado, o fixado pelo destino. Ou seja, é a atuação de uma força maior a nos submeter a acontecimentos que independem de nós e dos quais não podemos escapar. Precisamos refletir e ver outros pontos importantes em torno desses conceitos. Sendo a nossa intenção analisar o assunto dentro da visão espírita, vejamos o que nos diz O Livro dos Espíritos, (questão 872):
[...] A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a decisão previa e irrevogável de todos os sucessos da vida, qualquer que seja a importância deles. Se tal fosse a ordem das coisas, o homem seria qual máquina sem vontade.[...]

Concordamos com essa afirmativa, pois não nos vemos como máquinas. E se tudo já estivesse escrito, ninguém seria responsável por falta alguma, tão pouco teria mérito por coisa nenhuma. Seriamos meros fantoches e estaríamos à mercê do destino, o que nos parece incompatível com o conceito de Justiça Divina.
Fatal, na verdade acepção da palavra, só é o fato de que vamos um dia biologicamente morre, pois, quanto às outras coisas, a cada momento estamos transformando. Entendemos que o destino é quase sempre a consequência de nossas atitudes mentais e comportamentais, das escolhas que fazemos utilizando nosso livre-arbítrio. Esse raciocínio encontra explicação em O Livro dos Espíritos, (questão 859a):
[...] Não creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a consequência de um ato que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte que, se não o houvesse praticado, o acontecimento não se teria dado. [...]

Contudo, fatalidade não é uma palavra vã, ela está presente no gênero de existência que nós escolhemos como prova, expiação ou missão, antes de reencarnarmos, pois há escolhas quase impossíveis de serem alteradas, como as doenças congênitas, por exemplo. Conforme lemos na questão 851, também de o Livro dos Espíritos:
A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consenquência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. [...]

Com o uso do livro-arbítrio,temos a liberdade de alterar as escolhas feitas na Espiritualidade, pois tanto podemos aproveitá-las com resignação e superação, quanto nos revoltar, perdendo assim a oportunidade de aperfeiçoamento que estamos vivendo.
O Espiritismo nos ensina a ver acontecimentos negativos e perturbadores muito mais que fatalidade e destino; ensina-nos a ver a consequência de nossas escolhas equivocadas, não apenas de outras encarnações, mas, também da atual. Ensina, ainda, que por mais difíceis que se apresentem as situações, nós somos senhores dos nossos destinos e podemos com o uso do livre-arbítrio alterar as nossas escolhas, para trazermos o melhor à nossa existência.

Fonte: O Reformador (março 2009) Texto de José Antônio Ferreira da Silva

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A CRIANÇA NÃO É O AMANHÃ ELA É O AGORA!

Dizes que eu sou o futuro:
Não me desampares no presente.
Dizes que sou a esperança da paz:
Não me induzas à guerra
Dizes que sou promessa do bem:
Não me confies ao mal
Ensina-me o trabalho e a humildade,
o devotamento e o perdão.
Compadece-te de mim.
Orienta-me para que seja bom e justo...
Corrige-me enquanto é tempo,
ainda que eu sofra...
Ajuda-me hoje para que amanhã...
eu não te faça chorar.
(Youtube - Mensagem de Criança)

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