09 junho 2009

A Educação do Espírito

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No despertar do terceiro milênio, onde os anúncios de uma nova era se fazem sentir por toda parte, clareando as áreas obscuras, tanto na ciência, na filosofia e na religião, a educação assume caráter da mais alta importância como mola propulsora de todo o progresso humano. Não nos referimos à educação apenas no seu aspecto intelectual, mas a educação que compreende o homem no seu sentido integral, a educação que atinge o sentimento, que eleva que aprimora que auxilia a evolução do Espírito.

Esta educação, a verdadeira educação, a educação por excelência, é a educação que olha o homem como ser integral, como Espírito eterno, criado para a perfeição, é a EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO.

E esta educação inicia na família, se aprimora na escola e se completa na evangelização do ser.

A transformação da Humanidade é trabalho educativo, como bem frisou Kardec, em Obras Póstumas: “É pela educação mais do que pela instrução, que se transformará a Humanidade.”

Assim, amantes da educação, habilitemo-nos na tarefa de educar o espírito, compreendendo os mecanismos da aprendizagem e da evolução para que possamos nos tornar trabalhadores dedicados e comprometidos na renovação do Planeta, que se inicia pela renovação de cada Espírito.

Eis alguns pensadores e educadores que auxiliarão a compreender a imensa luz que os conhecimentos Espíritas projetam sobre a pedagogia, fazendo antever uma nova educação, uma pedagogia embasada nos conhecimentos profundos do espírito eterno, filho de Deus que somos todos nós.

Rousseau foi o marco inicial de uma reforma na educação no ocidente, denunciando uma falsa “educação” praticada na época, principalmente na França, propondo, em sua obra Emílio, uma nova educação, baseada no desenvolvimento natural da criança, antevendo o surgimento da psicologia infantil.

Pestalozzi,em sua visão avançada, percebe o Espírito, filho de Deus, que possui em germe um grande potencial interior, definindo educação como o “desenvolvimento harmonioso e progressivo de todas as faculdades do ser

Define três estados ou etapas morais do homem, demonstrando a evolução do estado primitivo ao estado social e, deste, ao estado moral.

De Herbart e Froebel ao movimento da escola nova, muitas luzes brilharam procurando destacar a importância da atividade no processo de aprendizagem que passa a ser vista como uma conquista que requer atividade e energia do educando.

Lamarck e Darwin com a teoria da evolução demonstraram a continuidade evolutiva entre os animais e o homem, abrindo caminho aos princípios evolucionistas que a Doutrina Espírita nos apresenta hoje e que nos auxiliará a compreender os processos de desenvolvimento e aprendizagem.

Decroly em sua fabulosa Escola Ermida (l’ Ermitage),procura preparar a criança para a vida, levando-a a observar,diariamente os fenômenos da natureza e as manifestações de todos os seres vivos, em trabalho espontâneo e criador.

Foi o criador de um método globalizado, ou “Centro de Interesses’’, criando um laço entre as disciplinas normais da escola, fazendo-as convergir ou divergir para um mesmo centro, tendo-se em conta o interesse da criança,que segundo ele é a alavanca de tudo.

Dewey destaca a educação como permanente organização ou reconstrução da experiência, sendo, portanto, um processo ativo, onde o aluno deve ter uma meta a atingir. Baseando em suas idéias, Kilpatrinh criou o “Método de Projetos”, onde o aluno, impulsionado pelos próprios ideais, buscará atingir a sua meta, integrando ou globalizando o ensino.

Rudolf Steiner, criador da Pedagogia Waldorf, destaca a importância de se trabalhar a vida sentimental da criança, apelando para sua fantasia criadora, aumentando essas forças com imagens que as fecundem e elevem. A criança não pode pensar nem aprender sem que esteja engajada emocionalmente. A Pedagogia Waldorf é a única ciência pedagógica do ocidente que percebe a criança como um Espírito reencarnado.

Claparède, ao criar o Instituto Jean-Jacques Rousseau, em Genebra, trabalhando na psicologia e na pedagogia, destacou que a escola deve ser ativa, antes um laboratório do que um auditório, procurando estimular ao máximo a atividade da criança. A escola é um meio alegre, onde a criança passa a amar o trabalho.

O professor passa a ser o estimulador de interesses, despertador de necessidades intelectuais e morais, não se limitando a transferir seus conhecimentos aos alunos, mas ajudando-os a adquiri-los por si mesmo, através do trabalho, de pesquisas, da ação. Ao mesmo tempo, abre caminho para AS PESQUISAS DE PIAGET.

Freinet, na pequena aldeia de Bar-sur-Loup, na França, promoveu uma escola ativa e cheia de vida, introduzindo a aula passeio, o jornal escolar, a imprensa na escola, o texto livre, onde as crianças escolhiam, por votação, o que ia ser impresso e elas mesmas faziam a correção. A correspondência interescolar alarga o universo infantil, motivando o relacionamento humano, e a Cooperativa de Ensino Leigo, criado por Freinet e seus colaboradores, forneceriam material pedagógico e publicações para milhares de associados em diversas partes do Mundo.

Jean Piaget, em uma vida toda dedicada ao estudo da criança, demonstra através de um trabalho sério e profundo que todo conhecimento é construído através de um processo contínuo de adaptação, transformando nossas estruturas mais aperfeiçoadas. Demonstra ainda a existência da moral heterônoma e da moral autônoma, afirmando a necessidade do respeito mútuo, do afeto e da cooperação para que o educando possa chegar à autonomia moral.

Vygotsky, trabalhando a teoria da zona do desenvolvimento proximal, demonstra a importância da integração social e do trabalho cooperativo entre as crianças.

Wallon apresenta uma atrativa proposta de psicologia integradora, com ênfase nos processos emocionais e afetivos. Propondo uma teoria da emoção junto ao funcionamento da inteligência, afirma que a infância é a fase emocional por excelência.

Dos reflexos condicionados de Pavlov, do Behaviorismo de Wastson, que destacam o condicionamento do comportamento através de estímulo e resposta, à psicologia da Gestalt, com Max wertheimer, Kohler e Koffka, que afirmam que a percepção depende também das circunstancias psicológicas do individuo, ou seja, a percepção é o resultado da interação entre o individuo receptor e o ambiente emissor e, portanto, duas pessoas submetidas aos estímulos de um mesmo ambiente físico, podem adotar comportamentos totalmente diversos. Destacando que a aprendizagem é o desenvolvimento de insights (discernimento, compreensão, penetração no entendimento de um assunto), afirmam que o insight é uma conquista de que aprende e não pode ser, simplesmente, transferida de uma pessoa para outra, mas o professor pode auxiliar o aluno a desenvolver o seu insight.

Enfim, de Skinner, que propôs um controle do comportamento previsível e controlado, fazendo restrições ao livre-arbítreo ea vontade interior, até Rogers que contrapondo-se firmemente a Skinner, afirma que a ciência do comportamento deve libertar e não controlar, destacando a importância da vontade e propondo uma educação de natureza dinâmica, onde os indivíduos devem ser estimulados para que desenvolvam as suas próprias potencialidades, num clima liberdade, auto realização e consciência social.

Neste clima de incertezas, luzes e sombras, a Doutrina Espírita vem espalhar sua luz, demonstrando a colaboração de cada um dos estudiosos do passado, sanando duvidas e abrindo caminhos para os estudos do futuro. Na psicologia evolutiva, do comportamento biológico dos seres, chegamos ao espírito eterno, podendo agora compreender com real facilidade os conceitos de desenvolvimento e aprendizagem, tão importantes à evolução do espírito.

Os mecanismos da aprendizagem se mostram lúcidos e claros aos olhos dos estudiosos espíritas que militam na área da educação, quer como professores, pais ou evangelizadores. Abre-se, pois, imenso campo para uma nova pedagogia embasada no ser espiritual que somos todos nós.

A doutrina Espírita vem inaugurar nova fase na história da educação, bem como restaurar os ensinamentos de Jesus como base fundamental do processo evolutivo do Espírito.

A educação, se bem entendida, é a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres.

A Doutrina Espírita representa, pois, o último elo da corrente, por apresentar as chaves para a maioria das dúvidas existentes, propiciando uma compreensão clara e lúcida sobre a educação do Espírito.

Pesquisa: Thaise Rodrigues

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