08 abril 2010

Projetos de Desenvolvimento para Educação: As urgências do nosso tempo

Começo a abordar o tema com as seguintes indagações reflexivas:

Quais as perspectivas e os desafios dos educadores para o futuro da educação e como estão trabalhando para isso?

A comunidade escolar está ensinando a se estabelecer relações sociais construtivas e de promoções humanas, através de uma educação emancipadora, ou seja, uma educação incentivadora da democracia, cidadania, da integração e socialização?

Como planejar a construção e reconstrução do processo educativo e organizações curriculares por meio de pesquisa de projetos de trabalho?

Para a construção de uma sociedade realmente democrática há que se propor elaborar, implementar e executar projetos políticos – pedagógicos emancipatórios, que contribuam para a formação dos novos homens e mulheres os quais ajudarão na construção de uma nova sociedade mais justa, democrática, solidária e igualitária. Para isso os olhares, posicionamentos e posturas dos educadores devem se fazer comprometidos e atentos com a dinâmica de uma sociedade em constate transformação histórica e social; constituindo assim um campo de desafios para o futuro de uma educação transformadora.

A escola como organização e instituição sócio educativa precisa fortalecer a discussão e reflexão em torno dos fundamentos políticos da educação, bem como em torno de sua função, objetivos e significações.

Os processos de globalização da informação e comunicação impulsionam a comunidade escolar a pensar na forma de sua inserção neste processo, ou seja, pensar nas formas de construção e reconstrução do saber dentro do contexto de transformações sócio- históricas. Deve pensar a relevância de determinado tipo de prática e de reflexão para o mundo em que vivemos.

O educador do novo tempo deve superar a prática pedagógica mecanicista (típica de um adestramento alienante, autoritário e antidemocrático), onde o aluno não expressa seu pensamento, onde tem que apenas aceitar os ensinamentos sem opinar, e apreender um excesso de conteúdos formais de forma irrefletida e mecânica, contribuindo desta forma para a negação do ser.

Para tanto, como elaborar um processo educativo emancipatório que busca formar sujeitos críticos, pensantes e atuantes? Formar sujeitos que busquem a superação do conformismo e que incentiva a formação do protagonismo social? Como construir uma educação que tende a ser compreendida como uma preparação para se viver em sociedade, e que forma cidadãos conscientes de sua importância e de seu papel para a transformação do mundo?

Diante disto, o que estamos aprendendo na escola que dá sentindo ao mundo em que vivemos? Que forma de ensinamento está nos incentivando a socializarmos com as pessoas e com o mundo? Que forma de ensinar nos estimula a tornarmo-nos mais humanos e responsáveis consigo mesmo, com os outros e com a sociedade? Que forma de ensino nos faz apostar em projetos de vida transformadores e construtivistas, ou seja, que estimula a formação de agentes incentivadores? Que estímulos estamos recebendo do educador para a educação?

O educador (ensinante) não está sozinho no processo de educar, tem que estar consciente da sua auto- educação, da sua formação e responsabilidade como educador, da ação reflexão diante de sua prática de ensino, como estímulo incentivador para a construção de aprendizados que servirão como alicerces para a formação do ser de seu aprendente.

O bom educador não é somente aquele que sabe dar uma boa aula ou que domina o conteúdo, mas aquele que está sempre avaliando e se avaliando, conhecendo e se conhecendo. Deve estar preparado para saber trabalhar com os vários tipos de realidades de vida, que busca conhecer, entender e trabalhar em cima da realidade cotidiana do educando, para que o aprendizado dos mesmos torne-se algo significativo.

O bom educador, em sua prática pedagógica cotidiana, deve refletir sobre o que faz e por que faz, ou seja, deve atuar no cenário educativo sempre refletindo no que faz. Deve instigar o sujeito, mobilizá-lo a produzir questionamentos e indagações, e utilizar os erros de forma construtiva, garantindo assim uma reelaboração das hipóteses levantadas, propiciando e favorecendo condições de ampliação das experiências educativas, a valorização do saber, e a construção do conhecimento. Ou seja, o bom educador é aquele que dialoga, que sabe criar, recria e construir novas possibilidades individuais e coletivas junto com seus educandos, enfim, saber recriar-se, na prática e na teoria, dentro dos movimentos da história.

O tão falado diálogo não é, para Paulo Freire, um método entre outros, mas uma postura diante do mundo, dos outros e do próprio conhecimento. Para ele o diálogo é o método mais eficaz para que se possa chegar a um conhecimento significativo, onde educador e educando possam estar sempre em conexão um com o outro, para que ambos possam se conhecer, e com isso, compartilharem experiências, e juntos construírem um mundo de novas descobertas e progresso.

A reforma educacional é uma necessidade urgente e que precisa ser pensada de forma estrutural. Na realidade é uma reforma estrutural, e que perpassa: desde as condições físicas da escola (ambiental/ estrutural), recursos materiais, didáticos pedagógicos, recursos humanos capacitados, organização dos currículos (conteúdos programáticos) e projetos de trabalhos coletivos. Em suma, envolve a construção/reconstrução e o desenvolvimento de um conjunto de elementos fundamentais e que fazem parte do processo educativo, que precisam ser vistos e revisionados dentro de um grande projeto/programa de trabalho.

A escola é uma organização educacional que representada a “porta de entrada”, o espaço, o ambiente formativo secundário depois do ambiente familiar. Representa o meio formador de comportamentos e mentes humanas. Portanto deve ser um ambiente atrativo, estimulante, organizado e que propicie o bom desenvolvimento das relações humanas e sociais. Mas tudo isso não será possível sem a participação de todos aqueles que têm o dever de contribuir para a sua concretização efetiva. O poder público com a sua contribuição propiciando o espaço físico e os investimentos financeiros tanto para a capacitação do corpo docente, como para a manutenção da estrutura física, a coordenação pedagógica, direcionando e atuando de forma a propiciar um ambiente atrativo, seguro e tranqüilo, e o corpo docente, propiciando um ambiente estimulante na busca constante do enriquecimento educativo.

Os Projetos de Trabalho surgem da necessidade de se organizar todas essas estruturas que fazem parte do processo educativo, onde tudo precisa ser bem planejado e gerido, de acordo com as necessidades nascentes e os objetivos e metas a serem alcançadas. E para tanto, precisa-se primeiramente desenvolver um projeto de pesquisa, para saber quais as necessidades prementes e, assim poder desenvolver um plano de trabalho. Mas como fazer isso?

Parte da consideração que o educador não é solitário no processo educacional, ele precisa se perceber como parte constituinte do universo educativo, precisa perceber as situações que envolvem seu ambiente de trabalho (comunidade escolar) e, muitas vezes precisa ter a capacidade de ir para além dele, já que se coloca permanentemente como testemunho do ato de conhecer, um conhecer que é também sempre um pronunciar o mundo em que vive.

“O Projeto passa a ser então uma concepção de como se trabalhar a partir de pesquisa”, e como se trata de um conjunto de forças sociais atuando em um ambiente que prima pela formação e construção educativa, precisa-se desta forma desenvolver uma Pesquisa participante, onde todos são atores sociais, responsáveis por esse processo de construção, levando-se em consideração que não há reformas que são pensadas fora da prática

O papel da pesquisa é, no fundo, ajudar a dizer ou a pronunciar o mundo. Embora esta tarefa seja de todos, cabe aos pesquisadores um papel especial em vista das ferramentas que aprendeu a manejar, desde conceitos para a leitura do mundo até instrumentos para análise de dados.

A teoria serve como um referencial a partir do qual são identificados os problemas e articuladas suas soluções de maneira mais dialética e interativa, tendo como referencial algo que justifique sua atuação. Mas as teorias e metodologias de abordagens também podem ser modificadas, levando-se em consideração os fundamentos empíricos (experiência prática), modificando-se desta forma para uma que melhor se adapte a realidade vivenciada, sendo a experiência, certamente, fator importante para esse conhecimento.

Logo pensar em Projeto de Trabalho dentro da comunidade escolar, é pensar também em trabalho coletivo, pesquisado, planejado, compartilhado, onde os assuntos que pertencem à escola não se restringem a um único educador. É, portanto um instrumento de trabalho no qual se precisa socializar acontecimentos e situações, verificar e analisar as questões emergentes, gerar exposição de idéias e discussões de propostas. Não podemos esquecer que os educandos são parte deste processo de construção, onde precisam ser ouvidos na sua busca por respostas, nas suas necessidades, reclamações e sugestões.

Permanece a idéia de que a participação dos sujeitos envolvidos na pesquisa não é uma concessão eventual por parte do pesquisador, mas um direito de quem partilha este mesmo mundo.

O Projeto de Trabalho ajudará, portanto, na organização e estruturação de formas de abordagens para as problemáticas emergentes da pesquisa, onde seu principal objetivo deve ser o de construir e reconstruir práticas pedagógicas e criar/ recriar novos rumos para a educação.

Pensando neste conjunto, o poder público por meio do Ministério da Educação e de seu Conselho e Secretarias, devem criar perspectivas para a educação, devem investir na escola e dar condições de trabalho digno para os educadores. Há que se haver o desenvolvimento de ações articuladas com eixos da política de governo como: democracia, inclusão, desenvolvimento sustentável e as diretrizes da política educacional: democratização do acesso e garantia da permanência, democratização da gestão e qualidade social da educação. Essa é a primeira condição para começar a reforma no ensino.

Os Educadores bem como os estudantes por sua vez também são peças fundamentais para que essa reavaliação da educação aconteça:

Os estudantes como já foi colocado, assumem um posicionamento de ensinante e aprendente, vivenciando os dois processos ao mesmo tempo; trazendo suas indagações, inquietações e posicionamentos a respeito do mundo; e que contribuirão fundamentalmente para a construção do projeto de reforma da educação

Os educadores por sua vez tendo que se atualizar, capacitar, qualificar, para saber trabalhar diversas realidades, para analisar as indagações e posicionamentos dos alunos; entender seus significados, ou seja, buscar saber enxergar com os olhos deles e ajudá-los a construírem perspectivas, a ganharem autonomia, autoconfiança, a serem protagonistas de suas próprias histórias, a adquirirem e criarem conhecimentos, enfim, a se tornarem cidadãos construtivistas e conscientes de seu papel no mundo, possibilitando-lhes oportunidades de compreender o mundo e as relações sociais (culturais, políticas, econômicas etc...) em que vive, de forma crítica, criativa, responsável, solidária e humana.

E para que isto se efetive, terá que se avaliar constantemente os currículos de ensino, bem como teorias, metodologias, planejamentos e Planos de Trabalhos Anuais. Terá que realizar conferências e encontros de educação, formações continuadas e interdisciplinares, envolvendo a equipe técnica pedagógica e a gestão, e assessorar para a atualização da legislação. Fortalecendo desta forma a gestão democrática.

Para que haja uma verdadeira reforma na educação tem que se olhar para todos estes pontos anteriores, apostando no Sócio-Construtivismo, na organização de um ambiente educativo, democrático e igualitário, apostar no desenvolvimento da integralidade humana, ou seja, no desenvolvimento do seu raciocínio existencial, histórico-psíquico e histórico social” (Ausgusto Cury), estimulando a integração, participação a convivência a solidariedade e a responsabilidade.

No Construtivismo é fundamental que o educador se motive, e desperte o interesse do educando, que busque novas metodologias de ensino para que haja mais motivação dos estudantes em prosseguirem os estudos em busca de novos conhecimentos.

O Educador construtivista é aquele que está sempre apresentando situações, é o educador apaixonado pelo que faz por isso reflete no que faz, é o educador preocupado, comprometido e que tem sempre o desejo de aprender! Este é um valioso capital que o país tem e que não pode ser desperdiçado!

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